sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

É o bem e o mal



Nesse período do ano em que a chuva tem presença constante é absolutamente crítica a situação de muitas cidades brasileiras. Dias desses andei pensando: a mesma água que dá vida é a água destrói. É oito ou oitenta, a falta causa morte e o excesso também. O maior bem da humanidade é traiçoeiro e isso é preocupante.
As manchetes dos jornais gritam o tempo todo exibindo as desgraças provocadas pelas tempestades: barreiras que caem; casas que desmoronam; carros que são levados pelas correntezas; famílias destruídas. Por outro lado, a seca no nordeste, por exemplo, mostra outro retrato sócio-trágico. Por lá, a angústia se dá pelo desespero de não ver solução para viver sem essa mesma água, que lhes falta durante meses ao ano. As plantações não vão para a frente; o solo é seco; animais não resistem; e as famílias, destruídas...
No Brasil temos uma das maiores reservas hídricas do mundo, cerca de 15% da água doce disponível no planeta é nossa, mas o contraste na distribuição é gigantesco. A região Norte, com 7% da população, possui 68% da água do país, enquanto o Nordeste, com 29% da população, possui 3%, segundo dados do projeto Amigo da Água.
Projeções feitas por cientistas calculam que em 2025 (daqui a 16 anos apenas), cerca de 2,43 bilhões de pessoas estarão sem acesso à água. O desperdício e a poluição dos rios, ruas e ar são causas para essa escassez anunciada. Cada pessoa necessita de 40 litros de água por dia, mas a média de uso dos brasileiros é de 200 litros.
Sabe aquela famosa frase “a gente só dá valor quando perde?”. Sinto que vai ser assim, não adiantam as campanhas de conscientização. Até por que, para a mídia é muito mais proveitoso e lucrativo expor o resultado das catástrofes do que orientar tentar mudar comportamentos. As pessoas só vão mesmo “cair na real” quando não houver mais o que se fazer. Uma pena, pois existe, sim, uma minoria que se preocupa, faz por onde e vai sofrer esses danos também.
É... Século vinte e um, inúmeras descobertas tecnológicas surpreendentes. Do jeito que vamos, senhores cientistas e pesquisadores, daqui a alguns anos, uma invenção milagrosa para suprir os danos provocados pela água ou pela falta dela vai ter que brilhar em suas mentes.